sábado, 27 de dezembro de 2008

07 - OF SPUDS AND MEN #3



O nome desse texto vem na carona de um outro que descreve como um fã ouviu falar e conheceu os Spudboys de Ohio. Nessa minha versão de missiva eu tb vou descrever como conheci essa banda genial que nasceu em meados dos 70's, com um grupo de estudantes de artes da universidade de Kent State... Bem, essa história os cara-batatas e as minas-batatas do mundo inteiro já conhecem. Não devemos repetir.*
*
Eu estava recém admitido na escola SENAI da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, juntamente com mais 59 carinhas de 14 anos. É nesse cenário que tem início essa viagem no tempo, no ano de 1984. O meu leitor gostaria de arriscar o que significa 60 adolescentes, divididos em duas turmas e confinados em duas salas de aula? Os 30 alunos da minha sala ficavam o tempo todo arrumando assunto sobre mulheres, carrões, mulheres, surf shops, baladas, mulheres, tendências musicais, mulheres. Cacete, quando o assunto enveredava para essas tais tendências musicais é que o bicho pegava prô meu lado. Eu era muito cabação e, até então, só tinha ouvido falar de um tal de Queen e de um outro tal Kiss que haviam se apresentado por aqui algum tempo antes. Eu conhecia bem a Blitz, o Rádio taxi, o Ovelha, o cara da "casinha branca de varanda", a Aquarela do Toquinho, as músicas dos meus vinis Dancin' Days, Hit Parade (aproximadamente 35% dos lançamentos dessa época se chamavam Hit Parade), Disco'83, Grease e essas coisas da primeira metade dos 80's que tocavam na meia dúzia de FMs que existia na época. Eu também conhecia alguma coisa de rádio AM que eu me nego a contar o que era, nem se o leitor ameaçar nunca mais voltar ao meu blog. Esqueeeeeeeeeeeeece!!! Não falo nem fodendo!!! Não falo nem para salvar o Brasil...
Um dia, estavam os 30 reunidos na sala de aula e algum imbecil teve a idéia de cada um falar o tipo de som que gostava. Mas não era simplesmente falar o nome de uma banda. Era necessário identificar a que tribo pertencia. Se era heavy metal, funkeiro, sambista, Eu me sentia uma vaca na fila para o abate à medida em que chegava a minha vez pq eu não tinha a menor idéia do que responder. Tinha uns caras que respondiam "Balanço". Eu pensava que poderia responder a mesma coisa pq achava que o tipo de som que eu ouvia "soava" como "balanço". "Balanço" era uma palavra legalzinha. Estava chegando a minha vez e eu ainda estava em dúvida. Eu era o Papaléguas entre 29 Coiotes salivantes. Respondiam heavy metal. Balanço. Balanço. Samba. Balanço. Progressivo. Heavy metal. Balanço. E por aí seguia do desfile de estilos, até que alguém respondeu new wave. Caro leitor, fala sério: new wave não é um puta nome legalzinho? E foi quando um outro carinha tb respondeu new wave. Decidi: eu sou new wave tb... desde criancinha. E, quando a batata quente caiu na minha mão eu não tive dúvida: respondi new wave. E, ao final da enquete, só nós três respondemos new wave. Algum tempo depois descobri que tipo de som era "balanço". Descobri tb que quase metade da minha sala era heavy metal e que os heavy metal escomungavam os new wave nos 80's.
Naquele dia, os dois caras que declararam serem new wavers me enquadraram para saber quais eram as bandas de new wave que eu ouvia "e foi então que eu percebi-i-i" (Renato Russo) que Bonnie Tyler, Michael Jackson e Gazebo não eram new wave porríssima nenhuma!!! Um desses dois new wavers era um tremendo "paga-pau" de um skatista apelidado de Pivô. "pq o Pivô isso, o Pivô aquilo". Só faltou dizer que o tal Pivô vivia na Bat Cave, temia a Kriptonita, tinha um avião invisível e se transformava no Ultra Seven. De todo o resto, ouvi do Pivô.
Tb fiquei sabendo por esse fiel "pagador de pau" que o tal Pivô gostava de Devo e "dos" B-52's. Portanto, se eu era new wave, teria que ser como eles e o tal Pivô e tb gostar de Devo e "dos" B-52's. Mas eu nem sabia como era esse tal de Pivô!!!
Fui a uma loja de discos e comprei um LP das batatas e um capa preta "dos" B-52's. E gostei muito desses dois famosos álbuns, vcs não imaginam como. Alguns dias depois, voltei à loja e comprei o Nutra (Devo), o Dev-o Live, o capa amarela, o capa vermelha, o capa verde e o Mesopotâmia (esses últimos, The B-52's). Gostei de todos. Comprei tb uma revistinha cifrada chamada "Agora Cante" que fazia muito sucesso na época. Era uma edição especial sobre New Wave e tinha um breve prospecto das bandas desse estilo que já haviam aterrissado por aqui: Além de Devo e The B-52's, tinha The Cars, A Flock Of Seaguls, Thomas Dolby, Cindy Lauper (?), Nina Hagen (?), Peter Schilling, X, Depeche Mode, Ultravox, Culture Club, Oingo Boingo, Inxs, Duran Duran e The The. E essa pequena e preciosa cartilha passou a ser a minha referência musical nas próximas aquisições durante muito tempo. Graças a essa pequena pedra filosofal de papel jornal se iniciou minha identidade musical que perdura até os dias de hoje.
Mas as minhas bandas prediletas daquela época eram mesmo o Devo e "os" B-52's. Fui adquirindo material, revistas, encartes, vinis, patches de roupas. Vcs lembram que nos 80's, não bastava usar as calças de popeline verde-limão ou cor de laranja e tb era preciso enchê-las com pequenos pequenos pedaços de tecido com bordados coloridos com o logotipo da Hang Loose, da OP, da Sundek, "dos" B-52's, da bandeirinha da Inglaterra? Se chamavam patches!!!
Frequentei Raio Laser, o Radar Tantã, A Up & Down, a Rose Bom-Bom, a Victoria Pub, entre outros redutos da new wave paulistana nos 80's. Fui às três apresentações do Devo em 1989, no extinto Projeto SP. Conversei com a banda (por intérprete). Aliás, quando cheguei na frente de Mark foi que me lembrei que não falava Inglês. Tb foi por causa desse episódio que fui aprender o idioma, juntamente com uma amiga, a Marcinha. Voltando. Peguei autógrafos. Ganhei um pin de Mark. Dei uma camiseta que estampei com o logo das duas carinhas para o Mark, a pedido dele. Acabei ficando razoavelmente bom nisso. Não tinha nenhum heavy metal (agora eram Head Bangers) que discutisse música de igual para igual comigo. Na faculdade, cheguei a escrever um artigo sobre Devo para uma revista especializada, indicação de um roqueiro do nosso meio.
Um dia, a recompensa!!! A tal amiga Marcinha chegou até mim e disse que tinha um amigo, o Sabino, que tb gostava de Devo. Depois de toda a propaganda devóide que a Marcinha havia feito para ele sobre mim ele queria me conhecer. Então a Márcia intermediou um chopp na lanchonete em frente à faculdade entre nós três e mais um punhado de habitués. E rolou, na pauta da noite, a banda mais famosa da new wave dos 80's.
O Sabino perguntou sobre os caras, sobre a discografia alternativa, contatos, todas aquelas coisas que os fãs gostam de saber sobre suas bandas de cabeceira. E tb me perguntou como eu havia conhecido o Devo. E eu contei a história do tal Pivô que vivia na Bat Cave, que temia a Kriptonita, que tinha um avião invisível e que se transformava no Ultra Seven.
Então o sabino disse: "Não é possível. Como esse mundo é pequeno. O Pivô sou eu".
E foi assim que conheci o Pivô!!!
Alguns anos mais tarde surgiu a Internet no Brasil. E, com ela, alguns artigos sobre a minha banda predileta. Voltei a tomar contato com informações sobre os homens-batata e seu retorno ao cenário musical, suas turnês, novas coletâneas, DVDs etc. Em 2007, após o show paulistano da turnê atual da banda, tive a oportunidade de estar com eles novamente, falar com Mark e mostrar uma foto tirada na última vez em que estiveram no Brasil, 18 anos antes.
E foi assim que conheci o Devo!!!

"Mark -o- Devo: You still are stiff enough for DEVO".
(Foi um trocadilho com "Be Stiff" mas não sei se rio ou se choro; eu saí duro como um poste nessa foto...rs)


7 comentários:

Silvestre Gavinha disse...

Só resta dizer: Que história duca!!!!

Srta. Tuppence Beresford disse...

Ai, cara... nem sei como começar! Tenho muita coisa para comentar (e pouco tempo, pq daqui a pouco tô indo viajar)...

Antes de mais nada, adoro o termo new wave!!! Tão mais bonitinho que hj em dia, que é tudo ou indie ou nada. =D

Eu amo B's desde beeem pequena, 4 ou 5 anos de idade... daquela que tem todos os vinis e CDs (até o vinil de Funplex em comprei, hahaha), que era do fã clube oficial etc... sempre fui mais fã deles que do Devo, mas sempre reconheci que os spuds eram "superiores" (como posso dizer?) quanto à idéia e às inovações. Os B's até tinham antes esse lance de mostrar como a sociedade americana era ridícula, mas depois viraram mais uma banda for fun mesmo (de repente a morte do Ricky tem a ver com isso, sei lá). O pra piorar, na minha época era muito mais difícil achar discos deles à venda - tinha que importar e era uma fortuna (para pagar com a mesada, haha), tanto que só tenho o greatest hits e o misses mesmo. Sei lá, acho que resumindo, sempre fui mais fã dos B's mas mais GROUPIE do Devo! Haha...
Eu tenho até hj em algum lugar a resenha da Bizz do show deles do projeto SP!!! Nem lembro direito o que tava escrito, só lembro de algo do tipo: "tinha umas cadeiras perto do palco, que no final do show estavam destruídas". Ficava emocionada qdo lia aquilo!

Perdi o show do B's de 1999, gravei da Directv mas até hj não tive coragem de ver. O do Devo do ano passado então, nem me fale... eu já tinha até preparado meu cartazinho "GERALD V. CASALE MARRY ME!!!" pra levar quando, na última hora... não deu! Fiquei muito mal mesmo.

E eu lembro que,logo que entrei no orkut, ingressei na tua comuna do Devo! E via lá vc e um pessoal trocando os CDs em mp3 e eu desesperada pq minha net era discada (e a coisa só piorou, agora nem tenho discada em casa, hoho)e eu nunca conseguiria baixar aqueles arquivos! E não lembro se cheguei a fazer (ou se só pensei em fazer) de te deixar um scrap dando chilique por vc ter conhecido os B's e o Devo! Ah!

E outro dia mesmo escrevi um post sobre minha coleção de discos Hit Parade, acredita?!?!? E eu tb tenho o Disco'83!!!!!! HAHAHAHAHA

Ai, acho que era só isso tudo que eu ia comentar!!! Se lembrar de mais alguma coisa, ano que vem eu volto!

Feliz Ano Novo, spud!

Srta. Tuppence Beresford disse...

"You still are stiff enough for DEVO".


HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Tão lindo ver que o mark ainda não perde a piada! =P

bjim

Anônimo disse...

Só vc mesmo para viver isso...
Essa estória só podia ser SUA mesmo... outra pessoa não serviria.

Juliana Vermelho Martins disse...

Voltei, não li ainda mas já tô comentando, só pra dizer que tô saindo pra voltar depois :-)

Andei com uma doença estranha, uma espécie de repulsulite aguda (tb chamada de "computadoris fuguis"). Não se preocupe, acho que não é contagioso! Só precisei ficar uns tempos longe dos teclados. Agora que já tenho certeza de que sou mesmo um ser humano (a prova é que consigo digitar essas letrinhas tortas), estou vagarosamente deixando passear meus olhos pelos blogs amigos de novo. Aos poucos. Mas beeeem aos poucos.

Portanto, voltarei em breve para ler em detalhes, comentar em detalhes, essas coisas de gente de dedos faladores!

Juliana Vermelho Martins disse...

Menino!

E não é que a tal doença era contagiosa mesmo? Sumiu?!!!

Eu voltei! Agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar... SIM! Eu ouvia ATALAIA, rádio AM. Jane e Herondy, Katya (lembra? "Eu sou rebelde porque o mundo quis assiiiiimmmmmm" Confesse, confesse!!!!)

Achei o máximo essa sua história! É mais uma prova da teoria do caos, do tal efeito borboleta! O que uma situação aparentemente inofensiva pode acabar provocando numa vida!

Eu confesso que meu gosto musical é pra lá de misturado! Só posso afirmar, mas sem segurança nenhuma, que não gosto de heavy metal nem daquele sertanejo ardido. Mas até isso já passou pelas minhas orelhas, o que me desmoraliza completamente... Tudo bem!

Nesse momento estou na onda dos mantras (Imee Ooi, procure, é melhor que Valium!!!). Mas não dispenso a Madonna de jeito nenhum! Nem o Jack Jhonson. Nem o 10000 Maniacs. Francis Cabrel (um francês). Portanto, meu estilo é a total falta dele. Falando de um jeito mais chique, já que vc é um entendido, meu estilo é o "eclético" (o dicionário me salva muitas vezes!).

Volte, volte!!! O mundo virtual não é o mesmo sem os amigos!

Abraços!

(do B'52 eu só conheci aquela música do disco do Rock'n Rio. Nessa época aí eu comprava mesmo era disco do Menudo e do Ah Ha. Shhhhhhh! Por favor, segredo, tá?)

Marcello devoide disse...

Essa história de falar que gostava de new wave foi engraçado,passei por situação parecida na escola onde eu e mais um cara que era o cdf da classe e que ninguém tinha amizade gostavamos do Devo,a maioria heavy metals que curtiam Iron,ACDC,Scorpions,Saxon,etc,e eu era cobrado direto por gostar do Devo,diziam como vc pode gostar de uma banda que usa pinico na cabeça,se veste de batata,etc,o engraçado foi que anos mais tarde com a internet reencontrei alguns ex-companheiros de sala e dois deles me vinham perguntar coisas dos spuds boys como a discografia,qual é o melhor álbum,se eles viriam de novo para o Brasil,etc.